SUTENTABILIDADE

USP DESENVOLVE CASA SUSTENTÁVEL



Pesquisadores de diversas universidades brasileiras criaram o protótipo de uma casa do futuro, batizada de Ekó House, que está sendo montada na USP.
Trata-se de uma casa eficiente, sustentável e inovadora, que funciona exclusivamente com energia solar, tanto térmica quanto fotovoltaica.
“A casa tem aproximadamente 47 metros quadrados. Ela conta com cozinha, sala de jantar, sala de estar, banheiro e quarto. O ambiente é projetado para dar flexibilidade de uso.
“Com persianas e móveis o ambiente é alterado, aumentando a área social ou a área íntima,” explicou Bruna Mayer de Souza, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e uma das integrantes da iniciativa.


Residências Energia Zero

O projeto da Ekó House está em desenvolvimento desde o final de 2010.
O protótipo combina elementos de alta tecnologia com soluções tradicionais de arquitetura e engenharia.
No aspecto de pesquisa, diversos itens do projeto e da construção da Ekó House embasam pelo menos uma dezena de trabalhos acadêmicos que resultarão em teses, dissertações e artigos científicos.
Além disso, o desenvolvimento do protótipo está inserido em um convênio entre USP e Eletrobrás, que tem como objetivo principal o lançamento das bases de uma indústria nacional de Residências Energia Zero (REZ) com tecnologia brasileira e adequação às nossas diversas regiões bioclimáticas.
“O projeto busca desenvolver pesquisa sobre Residências de Energia Zero (REZ) para o nosso clima e sociedade. Buscamos tecnologias que levem a um menor impacto ambiental das residências brasileiras,” explica a pesquisadora.


Solar Decathlon
O projeto é a proposta brasileira que está concorrendo ao Solar Decathlon Europe 2012, uma competição internacional onde 20 equipes, representando universidades de todo o mundo, projetam, constroem e colocam em funcionamento uma casa sustentável e com eficiência energética.
O Solar Decathlon é dividido em dez categorias, que avaliam as inovações da casa, como sua capacidade de geração e eficiência energética, conforto, qualidade espacial e construtiva, entre outras.
As casas são construídas e testadas localmente e transportadas para o local da competição em Madrid, na Espanha, onde devem ser montadas em dez dias. Lá permanecem em exposição lado a lado por 17 dias, quando estão abertas à visitação do público e são realizadas as provas.
“A casa será levada para Madrid parcialmente desmontada, em contêineres. A estrutura é feita de peças de cumaru e placas de OSB (oriented stranded board) que formam painéis. Esses painéis são preenchidos com lã de vidro para isolamento térmico.
“Como revestimento, são usadas placas cimentícias e, entre os painéis e as placas, também é utilizado aerogel, um material fibroso de alta eficiência no isolamento térmico. Os painéis já irão prontos para Madri, com todas as suas camadas instaladas, inclusive com canos e fios, para lá serem apenas encaixados”, explica Bruna.


O Mercado, o Governo e a Mídia na nova Economia Verde

Por Vilmar Berna
O mercado não faz política. Quem faz política é o governo. O mercado aproveita as oportunidades que a política oferece. Os políticos, por sua vez, procuram estar sintonizados com o que a sociedade espera dela. Mercado, políticos e sociedade dependem de informações para fazerem escolhas e tomarem decisões, e é aí que a imprensa deve ser capaz de cumprir com seu papel social de informar e esclarecer ao publico sobre fatos e tendências.  
Quando se fala em política, é preciso lembrar sobre a importância não só do Poder Executivo, mas principalmente dos Parlamentos, na elaboração das leis e no Judiciário, na fiscalização destas leis. É no Congresso Nacional, nas Assembléias Legislativas Estaduais, nas Câmaras de Vereadores que as leis são feitas. Elas resultam quase sempre de um amplo debate democrático onde forcas e interesses antagônicos se confrontam até que surja o consenso sobre o que é possível, como está ocorrendo agora com o Código Florestal, como aconteceu com a Lei Nacional de Resíduos Sólidos que demorou vinte anos para ser aprovada.

Não é verdade que o mercado prefira uma economia suja em vez da limpa. Para o mercado, o que importa é atender às demandas da sociedade, obedecendo ao que as leis determinam e aproveitando dos benefícios e incentivos que oferece.

Neste sentido, o mercado mantém um olho no público e em suas tendências, e outro nas leis que estabelecem políticas e incentivos.  Quanto mais bem sucedido o empresário for a interpretar a vontade do consumidor e aproveitar dos benefícios que as leis e as políticas oferecem, maiores as chances de ser bem sucedido nos negócios.

E hoje, o negocio é ser limpo e sustentável. A economia suja, de uso intensivo em recursos naturais, de grande pegada carbônica, poluidora e desperdiçadora, terá cada vez mais dificuldade para prosperar. Quem precisa aprovar novos empreendimentos que causarão grandes danos ao meio ambiente ja se apercebeu dessa nova realidade. A sociedade continua demandando por progresso e desenvolvimento, mas não aceita mais que isso se de em desrespeito ao meio ambiente ou de qualquer jeito.

A chamada economia 'verde' já aponta como fonte de lucros e oportunidades. O Governo Federal, por exemplo, tem lançado edital para a compra de energia eólica ou solar ou de biomassa. Trata-se oportunidade de novos negócios e empregos onde antes a produção de energia suja dominava.

Antes, os investimentos em meio ambiente e sustentabilidade eram divulgados timidamente em mídias ambientais especializadas. Hoje, estão ganhando as paginas das mídias de massa, demonstrando para o grande publico os avanços e resultados no campo da sustentabilidade. Não se trata de um marketing mentiroso apenas para enganar o publico. Essa época já passou. Agora a sustentabilidade ganha cada vez mais o coração e as mentes do publico em geral deixando os pequenos círculos de iniciados em meio ambiente. 

Por outro lado, se é verdade que muito já vem sendo feito no rumo da sustentabilidade, também é verdade que as forcas do atraso e do progresso a qualquer preço ainda dão as cartas e dominam. Veja a situação do lixo, atribuição dos municípios. Ao lado de experiências modelos de aterros bem gerenciados que aproveitam inclusive o metano como energia, ainda convivemos com milhares de lixões e 'enterros' sanitários revelando um enorme nicho de oportunidade de negócios para o mercado que resolver investir na solução deste problema.

Os entulhos, sobras de construção civil, geralmente um enorme problema para os municípios, se em vez de cobrados para despejar nos aterros já lotados e com a vida útil comprometida, fossem isentos de pagamento se entregues numa usina de reciclagem de entulho, poderiam ainda ajudar na construção de casas populares virando agregado para a fabricação de tijolos ecológicos, feitos prensados, a frio.

Ao adotar políticas de compra sustentável dos ingredientes da merenda escolar ou servida nos hospitais, por exemplo, os governos poderiam incentivar a produção orgânica e local, oferecendo produtos sem agrotóxico e com menor pegada carbônica e ainda incentivar a produção e a fixação das famílias nas áreas rurais do município ou imediações, evitando as migrações para as favelas urbanas.

São exemplos de que é perfeitamente possível mudar por que são mudanças que já estão ocorrendo em diversas cidades brasileiras. Estamos vivendo numa época em que estas duas economias estão convivendo, lado a lado, e os bons e os maus exemplos disso estão por todos os cantos.

A divulgação dos bons exemplos ajuda a que a sociedade cobre de seus governantes políticas de mudanças para a sustentabilidade, assim como a divulgação dos excessos, dos maus exemplos, ajudam a sociedade a exigir limites e multas cada vez mais pesadas para aqueles que preferem a velha economia, intensiva no uso dos recursos naturais, que não se importa com a pegada carbônica.

A sociedade pode ajudar a acelerar este processo passando a acompanhar mais, através das redes sociais e da internet, o trabalho de seus representantes políticos e interagir com os mandatos deles, com sugestões e criticas. As ONGs, do chamado Terceiro Setor, podem ajudar, por exemplo, organizando debates públicos e fóruns permanentes de acompanhamento de políticas para manter acesa a chama da mudança para a sustentabilidade e da economia verde, convidando parlamentares, promotores públicos e representantes do governo, exibindo vídeos com os usos e abusos da economia suja sobre a sociedade e as possibilidades e potenciais que a nova economia verde oferece.

E quanto mais a sociedade tiver acesso a informações sobre a nova economia verde e sobre a sustentabilidade, melhores serão suas escolhas, tanto de consumo quanto da pressão por políticas publicas, e maior será a velocidade da mudança no rumo da sustentabilidade.

*Vilmar Berna é escritor com 15 livros publicados. Na Paulus, publicou “Como Fazer Educação Ambiental”, “Comunicação Ambiental”“O Desafio do Mar”“O Tribunal dos Bichos”, entre outros, e nas Paulinas,“Pensamento Ecológico” e “A Administração com Consciência Ambiental”,transformados em curso à distância pela UFF – Universidade Federal Fluminense. Em 1999, recebeu no Japão o Prêmio Global 500 da ONU Para o Meio Ambiente e em 2003 o Prêmio Verde das Américas. É fundador da REBIA – Rede Brasileira de Informação Ambiental (www.rebia.org.br ) e editor do Portal ( www.portaldomeioambiente.org.br ) e da Revista do Meio Ambiente (www.revistadomeioambiente.org.br). Mais informações sobre o autor: www.escritorvilmarberna.org.br ). Contatos: vilmar@rebia.org.br


Cada eleição, especialmente as municipais, é mais uma boa oportunidade para os eleitores e cidadãos mudarem a sua cidade através do voto em alguém melhor, por que o voto nulo só acaba favorecendo aos atuais detentores do Poder, que mereciam ser mudados.
Um meio ambiente adequadamente bem cuidado é condição fundamental para a qualidade de vida que todos merecem. Entretanto, meio ambiente não é só cuidar das plantas e dos bichos, mas também das pessoas, pois somos natureza também, e conscientes de nós próprios.
Para nos, a realidade é mais que apenas a parte física que vemos, percebemos com os nossos sentidos, mas é também o que sonhamos, as utopias de um mundo melhor que queremos para nós e para nossos filhos, e que começa em nós em primeiro lugar, em seguida à nossa volta, em nossas cidades, para aí sim alcançar o Estado, o País, o Mundo.
Os Estados, os países, são abstrações jurídicas. Vivemos, de verdade, é nas cidades.
Entretanto, entre nossos sonhos de viver numa cidade melhor, e efetivamente ver estes sonhos transformados em realidade, isso irá requerer muito mais que apenas aprender a votar melhor, mas também a fazer a nossa parte, por que a cidade melhor que queremos não começa em nosso vizinho ou nos políticos, mas começa em nós. Quem espera que o mundo melhor comece no outro, ou está se iludindo, ou está agindo de má vontade para não querer colaborar.
A boa notícia é que a sociedade, de uma maneira geral, está cada vez mais consciente ambientalmente. Talvez não saibamos ainda exatamente que caminhos percorrer, como nos desembaraçar das confusões em que nos metemos e dos problemas que criamos, mas seguramente sabemos os caminhos a evitar.
E, neste sentido, as questões ambientais ou da sustentabilidade não são privilégio ou domínio deste ou daquele partido, ou ONG, mas é uma responsabilidade comum, de todos, cada um de acordo com sua responsabilidade e capacidade.
Os problemas todos já conhecem. Podem ser mais ou menos, diferentes aqui ou ali, mas todas as nossas cidades possuem carências de um estilo de vida baseada no consumismo, no crescimento sem planejamento, no descarte meio irresponsável de nossos resíduos, na pouca importância com que tratamos nosso voto, delegando um poder a representantes que irão agir em nosso nome, definir políticas, aplicar nosso dinheiro, e sequer lembramos o nome deles alguns dias depois das eleições.
Entre os principais cuidados para se ter e se pensar uma cidade sustentável está o de romper com a atual tendência da compartimentalização dos assuntos ambientais e da sustentabilidade em estruturas esquálidas, sem recursos, sem importância política, que geralmente são as últimas a saberem dos assuntos na Administração.
É preciso ECOLOGIZAR E MUNICIPALIZAR A GESTÃO AMBIENTAL.
Preservar o meio ambiente não pode - nem deve - ser tarefa de uma secretaria ou órgão específico, mas de todos, muito menos ser tarefa apenas do poder público, mas também das empresas, ONGs, sociedade em geral.
Os caminhos para essa ‘ecologização’ na administração podem ser vários, depende mesmo é da decisão política dos dirigentes e fundamentalmente de indicadores de resultados democráticos e realistas e de um sistema horizontal de comunicação em que todos possam ter amplo acesso às informações de interesse público.
Uma sugestão pode ser utilizar a própria estrutura ambiental existente para ampliar a discussão, promover a capacitação necessária, estimular e monitorar a evolução de uma forma de administrar, compartimentalizada, para outra, ecologizada.
O atual Conselho Municipal de Meio Ambiente poderia ser fortalecido e valorizado e se tornar a ponta de lança para o debate em torno desta mudança, definir os indicadores e as metas, definir as formas de avaliação de resultados, definir os mecanismos de transparência e comunicação, onde os diversos setores da sociedade, os diversos órgãos dos poderes executivo, legislativo, judiciário poderiam definir que ‘ecologização’ é possível.
A iniciativa privada e as ONGs também devem participar, por exemplo, através de seminários e audiências públicas em cada bairro ou comunidade. Outra tarefa fundamental é a capacitação e treinamento dos funcionários municipais para ecologizarem a administração - uma parceria que poderia nascer com as universidades sediadas na cidade -, afinal, a mudança não resulta do acaso e não se pode pressupor que todos dominam este assunto. Esta capacitação já deveria levar em conta a tendência do governo Federal e Estadual de repassar cada vez mais responsabilidades aos municípios, por exemplo, com o licenciamento e fiscalização ambiental.
Neste contexto, seria importante instituir uma OUVIDORIA AMBIENTAL, com instalações públicas condignas e aparelhadas para atender a todo cidadão que deseje formular reclamações ambientais, as quais serão processadas e respondidas no prazo máximo de 20 dias, inclusive passando a contar com a LINHA DIRETA AMBIENTAL, um telefone com ligações grátis para recebimento de denúncias e sugestões da população.
Também estabelecer uma POLÍTICA ECOLÓGICA DE COMPRAS na Administração optando por materiais menos agressivos ao meio ambiente, que sejam mais duráveis, de melhor qualidade, recicláveis ou que possam ser reutilizáveis e incluiremos, entre as exigências básicas para contratação de prestadores de serviços e fornecedores, que comprovem a adoção de práticas ambientais de gestão, indicadores de ecoeficiência e de treinamento ambiental de seus funcionários e demonstrem a eficácia dos resultados de projetos de responsabilidade sócio-ambiental corporativas.
*Vilmar Berna é escritor com 15 livros publicados. Na Paulus, publicou “Como Fazer Educação Ambiental”, “Comunicação Ambiental”“O Desafio do Mar”“O Tribunal dos Bichos”, entre outros, e nas Paulinas, “Pensamento Ecológico” e “A Administração com Consciência Ambiental”, transformados em curso à distância pela UFF – Universidade Federal Fluminense. Em 1999, recebeu no Japão o Prêmio Global 500 da ONU Para o Meio Ambiente e em 2003 o Prêmio Verde das Américas. É fundador da REBIA – Rede Brasileira de Informação Ambiental (www.rebia.org.br ) e editor do Portal ( www.portaldomeioambiente.org.br ) e da Revista do Meio Ambiente (www.revistadomeioambiente.org.br ). Mais informações sobre o autor: www.escritorvilmarberna.org.br ). Contatos: vilmar@rebia.org.br

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